Blog que se rege pelas regras Dogma Aqui 2004. O que interessa é o que está escrito...e não quem escreveu

12/02/2004


As Aventuras de Juvenal e Amilcar no Planeta Terra: O Caso da Cafeteira bloqueada


Juvenal - Olá. Este café da Colômbia é bom?
Amilcar- É muito bom. Pode beber simples, com leite, fazer doces. É ideal para tudo
Juvenal - Óptimo. Acho que vou levar.
Amilcar - Quantas gramas quer
Juvenal - Umas 400, pode ser. Acha que tenho problemas em o fazer em casa?
Amilcar - Depende. Tem uma cafeteira região 4?
Juvenal - Não sei. A minha cafeteira foi comprada no Lidl.
Amilcar - Então é capaz de não dar. Tem de ter uma cafeteira MultiRegiões
Juvenal - Ah! Mas porquê?
Amilcar - A associação dos “cafeína-dependentes” determinou que o café teria regiões. Assim, o café americano não dá nas cafeteiras normais europeias.
Juvenal - Isso é um bocado estúpido e injusto.
Amilcar - Pois, mas é assim.
Juvenal - Por acaso não tem uma cafeteira multiregiões?
Amilcar - Tenho sim. Aliás tenho várias.
Juvenal - Então quero uma sony, sempre soube que eram uma boa marca.
Amilcar - Olhe que a sony só faz cafés locais. Assim, se comprar uma sony aqui, região 2, só pode beber café europeu
Juvenal - Que pena. E quanto custa esta sony tão gira?
Amilcar -50 Euros
Juvenal - É mesmo gira. E uma multi-regiões?
Amilcar - Olhe. Esta é 5 euros e dá para fazer cafés de todo o mundo. Também pode fazer chá.
Juvenal -Mas espere lá. Não devia ser mais caro?
Amilcar - Sabe perfeitamente que as leis da economia são assim. Quanto mais um produto faz, menos custa.
Juvenal - Ok. Então levo uma.
Amilcar -Boa escolha


9/02/2004

Vinagre Cristal- Episódio 1



Mourato - Boa tarde, tem K7?
Quim Zé - Ora viva. Setes não temos, estão esgotados… mas temos uns oitos muito giros.
Mourato- Eu gosto mesmo é de setes.
Quim Zé – Olhe, vou-lhe dar um conselho. Não me leve a mal…
Mourato- Esteja à vontade.
Quim Zé – Ok. Vou desapertar então as calças
Mourato- Faça favor. Mas dizia?
QuimZé - Vou desapertar então as calças
Mourato- Antes disso?
Quim Zé – Ok?
Mourato- Não. Relativamente aos oitos.
Quim Zé – Ah, sim!! Os setes estão esgotados mas os oitos que temos são muito bons e estão muito na moda.
Mourato- Não gosto de modas.
Quim Zé - Prefere medianas?
Mourato- Sim.. isso e desvios padrão.
Quim Zé – Também gosto deles, mas tinham pouca saída e já não os vendo.
Mourato- Compreende-se.
Qui Zé – Obrigado. Tive aulas de terapia à pala.
Mourato- Então levo um 8, para experimentar
Qui Zé – Faz muito bem. Aqui está ele. E como comprou um 8 tem direito a levar ainda um 1. É a nossa campanha de verão
Mourato- Muito Obrigado. É muito gentil.
Qui Zé – Agradecido
Mourato- Já agora tenho uma questão.
Qui Zé – Disponha.
Mourato- Onde é que foi parar o m do seu nome?
Qui Zé –Ai que disparate. Deve ter caído enquanto fui buscar o sete.
Mourato - Pois… são coisas que acontecem
Quim Zé – Cá está ele. Que distracção.
Mourato- Chamo a isto um final feliz.
Final Feliz- Chamaram?
Anão. Epá. Não percebo porque é que isto chama-se Vinagre Cristal?
Mourato- Eu também não.
Quim Zé- Eu também não
Rodolfo- Eu também não
Mourato- Quem és tu?
Rodolfo- Sou a personagem do episódio 2.
Mourato- Ah!!! Ok.
Rodolfo. Já agora, deixe-me dizer. Sempre gostei de o ver jogar
Mourato- Obrigado. É muito gentil. Como tal dou-lhe este 1 e pode-o usar no 2º episódio.
Rodolfo- Assim o farei. Até já.

8/27/2004

Movimento Dogma-me Aqui 2004

Inspirado pelo movimento Dogme 95, e transpondo o conceito para o mundo dos blogs, o Movimento Dogma-me Aqui 2004 procura a pureza da escrita, sem recursos artifíciais e sem dar mais importância ao criador que ao criado.


Juro submeter-me ao seguinte conjunto de regras estabelecidas e confirmadas pelo Movimento Dogma-me Aqui 2004

1. A escrita têm de decorrer da forma mais pura possível. Não se podem corrijir erros ortográficos através de qualquer software. A correcção tem de ser humana. Não se pode também recorrer a dicionários e outros elementos artificiais que adulterem aquilo que realmente foi pensado. Ao recorrer a dicionários para encontrar sinónimos bonitos estamos a adulterar a pureza do imaginado.

2- Qualquer imagem ou som num blog deve ser do próprio autor. Não se pode recorrer a imagens e sons criados por outros. O mesmo se aplica a templates, scripts..etc

3- Estão proibidas as alienações temporais e geográficas. A acção ocorreu ou está a decorrer. Não pode ser futuro.

4-Tudo tem de se passar em locais possíveis. Não se pode abordar acções no fundo do mar, no topo das estrelas...etc. A acção descrita tem de ocorrer num local onde o criador já esteve. Pode-se usar estes termos como metáfora.

5- O criador não interessa. O que interessa é o que está escrito. Não há créditos nestes blogs.

Para além disto, enquanto escritor, juro abdicar do gosto geral! Já não sou um artista de tarefas. Juro abdicar de criar uma “obra” correcta, uma vez que penso que o instante é mais importante do que o todo. Juro fazê-lo por todos os meios disponíveis e à custa de todo o bom gosto e de todas as considerações estéticas. O criador existe e é puro ao máximo. Não deixa de escrever X por ser políticamente mais correcto.

Assim faço o meu voto de castidade.

Lisboa, 27 de Agosto de 2004

(em vigor a partir de hoje)

Sabem o que é surrealidade?

É quando não acontece nada.

Lá ia eu a caminho de casa, num táxi conduzido por uma espécie quase em vias de expansão; o Toni Josimar taxista. Eu tenho um ar meio xunga e normalmente tenho que andar com um very light na mão e sirene no boné, para que estes tipos parem os seus carros à noite.
O Toni tem medo de quase tudo. Os pretos que apanha no Colombo são os piores. Eu não sou preto (apesar de ter 5 cm a mais, segundo fontes fidedignas- Especialmente a Fonte da Telha). Estou queimadinho e uso t-shirts ostensivamente laranjas. É difícil parar um taxi para me levar para casa.
Mas lá vou eu.
–Taxiiiiiiii!!!
Era uma noite quente como tantas outras e parecia tudo normal.
Como eu estava errado!
Então não é que, mesmo ao pé do local onde decidi atracar e esperar pelo Toni, dois bifes decidem montar uma tenda. Senti-me no Chapitô. Imaginem-se de pé, em plena avenida, quando de repente um tipo começa a pregar estacas no chão. O outro parecia meio surpreendido com o amigo, mas não lhe ficou atrás, pois trazia um urinol (daqueles grandes em cerâmica) nos braços. E ali ficaram.

Say What?

Pensei que estava num filme e esperava que alguém dissesse “Corta”. Tal não aconteceu e no meio disto tudo o surreal era mesmo eu.
Passaram uns minutos e um dos ingleses continuava a tentar montar a tenda. O outro, de urinol na mão, cantarolava um hit dos loucos anos 80 : “Take on me” dos Aha. Enfim...

Oh Yeah

Vislumbro a subspécie taxista. Começo a fazer sinais e ligo o very light. Os ingleses ao verem aquilo aproximam-se de mim e começam a entoar canticos de futebol. “There were 3 german bombers in the air...e tal”. Lindo!!!

Oh Fuck!

Oh não!!! O taxista parou no semáforo no início da rua. Aquele semáforo é conhecido em Lisboa como “O mais longo vermelho lisboeta”. São apenas 2 minutos à espera que os transeuntes inexistentes passem. Melhor ainda. Tem som, tal como em Madrid. Um pássaro dentro do sinal avisa os invisuais de que podem atravessar . Como devem imaginar há imensos invisuais às 3 da manhã numa avenida. Isso é senso comum.

Auf Auf!!

Um cão (Sim, o animal) passa a passadeira (Sim, é um pleonasmo propositado) apressadamente(Sim, é uma aliteração propositada). Naturalmente que aquela pressa leva-o a tropeçar e cair (Sim, teve um traumatismo ucrâniano). Teria apenas 3 patas, e ia dar uma mija? Seria invisual? Na verdade nunca saberei. Certo é que o estranho pássaro que vive dentro do semáforo o atraiu. Na volta é um antigo cão de caça, agora abandonado. Já acredito em tudo.

Oh Fuck... and now this

Aparece então, nos dois minutos mais longos da minha vida, um russo. Ena. Se aparecer um indiano podemos fazer um anúncio da Benneton.
Bingo.
Quê frô?- lá diz ele.
Ó meus amigos, por favor. Será que um tipo com dois ingleses a cantarolar cânticos de futebol (estando um deles com um urinol na mão), enquanto montam uma tenda, tem discernimento para comprar flores?

Deves...deves....

Uau. Abriu o sinal. Maravilha. Continuo com os sinais de luzes e ligo tb a sirene. Obviamente o taxista só me viu quando estava mesmo em cima de mim. Travou a fundo e parou 10 metros mais à frente. O pesadelo acabou.... NOT
De dentro do taxi ouço uma voz rouca. “Então, já mandou uma fodinha?”. Brilhante início de conversa. O homem estava alcoolizado e se o Greanpeace o encontrasse levava-o para testes.
Já imaginaram se um carro andasse a álcool? E se o álcool fosse fornecido por uma ligação directa ao condutor, ou melhor ainda...ao tipo que vem ao lado? Boa ideia.
“Ó amigo, leve-me à Amadora sff”, disse eu. “Hein? Oi?”, responde ele. Maldição. Só me faltava um bêbado para me conduzir para casa. E lá vamos nós.

Zunnnnnnn....

Quem me ouvir deve pensar que sou um racista. Não sou. Sou mesmo parvo. Na verdade, se há gente que detesto são aqueles branquinhos mete nojo- gajos como eu.Ó que raça maldita.
Quando dou por mim estou a subir uma avenida. “Ó amigo, não devia estar a descer”, lá digo eu ao Toni. “Tem razão”, responde ele”. E lá damos meia volta. Mais dois minutos parados no semáforo. Fiquei feliz porque os ingleses lá montaram a tenda e agora estavam ocupados em arranjar sitio para o urinol, ou seja, estavam na fase da decoração do lar. Bonito.
O cão entretanto já estava a ser amamentado pelo semáforo; o Russo comprou as rosas ao Indiano e andava a deixar uma rosa em cada limpa vidros dos carros da avenida.
No meio disto tudo perco-me na música que passa na rádio. “99 problems” do Jay Z. Interessante.

The Bitch

Gosto imenso de rappers que tratam as mulheres por cadelas, putas e outras aves de rapina. Houve uma altura em que isso era pecado. Nasceu a Ursula e tudo a vingar-se deles..Agora isso é tão políticamente incorrecto que até acho piada. Foge à regra e brevemente o dito deve ser assassinado, ao melhor estilo israelita (um míssil que é disparado contra três prédios ao lado).
Enquanto ouço esta preciosidade musical, observo as prostitutas que se amontoam nas esquinas de uma universidade bem famosa pela doença dos óculinhos. Esta doença é uma continuação da famosa doença do pézinho e na faculdade ataca todos os individuos letalmente. Isto só acontece num meio ambiente propício, num habitat de excepção. O IST é um dos últimos sítios afectados pela doença. A partir do terceiro ano da faculdade começam a crescer uns óculos cada vez mais graduados e super intelectuais.

Lamaze

Uma vez disseram-me duas formas de controlar os nervos quando conduzidos por um taxista bêbado. A primeira é respirar como as mulheres durante o parto (para tentar relaxar). A segunda é mesmo uma epidural . Escolhi a terceira via. Estou mais bêbado que tu. SE começarem a fazer bastante chinfrim de bêbedos no táxi, o tipo desperta e ameaça-te logo com o pé de cabra que trás no porta-luvas. Na realidade não é um porta-luvas, é uma ligação directa à base do alfeite.
Se há algo mais estranho que a mala das raparigas (onde cabe lá tudo), esse algo é o porta-luvas do taxista. Havia um até que tinha um aquário e desconfio que este é um T3.

www.taxi.com

Quase a chegar. O Toni Josimar lá fala das minas todas que vai papando. Ele é zzt para ali, zzt para cá. O homem é como a ligação normal a um isp. Quem usufruir dele tem de o partilhar com 49 utilizadores.

Fsssssssssssssssssssssssssssss.... pum

É este o som dos fogetes quando chego. Tudo mental claro. Paguei 7 € . E fui dormir....
E no fim o que é que fica?
O elemento surreal da noite. EU.

7/19/2004

Só para avisar quem anda aí a dizer mal de mim nos comentários que contratei a empresa Suiça "Protectas" para defender a minha honra. Esta empresa, que desconfio ser liderada por Dias Loureiro, vai começar a resolver algumas situações que considero vergonhosas num estado de direito (e esquerdo tb).
Atinem-se!!

7/08/2004

Olá pessoal. Acabei de chegar da Grécia onde estive a mijar nos cantinhos todos do Estádio Olímpico. Não tendo mau perder, espero que aqueles gajos sejam comidos pelos turcos e que caia um meteorito no estádio do AEK. Também desejo que a selecção deles seja treinada brevemente pelo Artur Jorge e que a Katheleen Gomes vá para lá viver e fazer críticas a monumentos.

Palhaços!!

5/02/2004



Já está à venda na Feira de Cabul o DVD Paixão de Cristo

Disco 1

Filme (versão de 567 minutos)

Disco 2

- Espancamentos cortados
- Making Of de uma cruz
- Comentários dos protagonistas
- Galeria de Apóstolos
- Behind the scenes: A Arte das estacas
- Videoclip cortado. “I Fought the law, and the law won”
- Trailers : “Pilatos does Dallas”, “Judas does a priest” e “Maria e as outras”

Legendas: Hebraico, Latim, aramaico e Farsi

4/11/2004

Páscoa, Futebol e a Marta

Ai tu estás tão grande!!! Ai tu estás tão crescido!!!! Tás mesmo bonito!!! Quando é que te casas?
E começam assim os preliminares de mais um almoço de Páscoa, o dia em que comemos que nem umas bestas pois andavamos esfomeados desde sexta-feira (é o que dar andar a peixinhos). Muita gente junta-se no Natal, outros é no ano novo. Aqui, diz a tradição, o almoço familiar é o de Páscoa. E lá vamos nós.
Os preparativos começam às 4 da manhã. Chego a casa a essa hora e lá está o meu guarda das masmorras a dizer “Olha que amanhã é o almoço, vai já dormir!”. Isto é claramente um erro estratégico pois estranhamente adormeço sempre quando me dizem que tenho de acordar.
O pior deste almoços não é o durante, é o antes. É como as romarias à final da Taça de Portugal. Vejamos: Primeiro, toca o telefone às 8 da manhã. Olá garoto, estavas a dormir? – perguntam do outro lado. Há várias respostas possíveis quando nos telefonam às 8 da manhã. Sim, estava a dormir é a interdita. Tenho então de percorrer variações à verdade. A) Não, claro que não, estava a vestir-me para a missa. B) Não, estava apenas a dormitar um pouco.C) Acha? Claro que não, já fui matar o cabrito para o almoço.
Esta última parece estranha, mas tem um fundo de verdade. Há uma tia minha, que acho que tem idade para ainda ter vivido sob o domínio do Filipe III, que acha que o que devemos comer somos nós que criamos ou caçamos. Ela vive num mundo à parte e a família já se habituou à situação. A resposta às suas questões é sempre SIM. Curiosamente, o seu marido, já falecido, esteve internado na ala psiquiatrica do Júlio de Matos. Só o vi uma vez. Na altura só sabia dizer “Zummmm (enquanto enfiava um dedo nos ouvidos)- Fui eu que matei Sidónio Pais..... Zummmmm.... Como fazer fatias paridas......zummmmm”.
A tia Madalena (nome de guerra) é uma querida. O engraçado é que tem sempre razão. Sempre que há uma má notícia na TV ela diz “Eu avisei mas ninguém ligou”.
Foi ela que me acordou às 8 da manhã e perguntou se eu estava a dormir. A resposta foi a C) e ela acreditou.
Depois desta chamada madrugadora todos nós pensamos assim. Vou dormir mais cinco minutos. E lá vamos para a cama. Mas não dá. Abriu a linha do quando o “telefone toca” e começam as organizações para o grande almoço em família.
Entretanto já a mãe veio ter comigo a dizer. Vais ter que ir buscar os tios a Braço de Prata. É curioso pois no dia anterior tinha perguntado se era preciso ir buscar alguém. Não, eles agora vêm de comboio sozinhos. Viu-se. 9:15 e lá teve de ir o guia buscar os tios. Depois acontece o inevitável. Mal chego dizem logo “Não era preciso cá teres vindo... A tua mãe é uma exagerada”. É sempre bom ouvir estes apoios, especialmente se tiveres umas olheiras do caraças e pareças bebado de tanto sono. Welcome to my family.
Passam então as horas da viagem e a concentração de gente na minha casa vai aumentando. Parece um misto de Sudoeste com a Praça da Alegria, mas já foi pior. Pelo corredor amontoam-se sacos e começa a parecer um campo de refugiados. É curioso a teoria dos sacos nos mais idosos. Todos trazem um com algo estranho lá dentro. Outros trazem sacos sem nada lá dentro. Mas há sempre sacos. É estranho.
Claro que no meio disto tudo há sempre primos. “Ena, tens computador. Que jogos tens?”. Esta é a pergunta da praxe. Denotam-se aqui as influências familiares na arte das questões. Os mais velhos perguntam sobre casamentos. Os mais novos sobre os jogos que tens. A questão, essa, tem de existir...seja qual for.
Mas se crêem que é chato ouvir a questão dos casamentos, então coitada da minha prima de 12 anos (que não estava no almoço). A frase mais ouvida durante a manhã foi “A Joana já tem maminhas e ontem foi mais a mãe comprar sutiens”. É por isso que respeito imenso as mulheres. Desde miúdas que também são dizimadas pelas perguntas.
Onze e cinquenta e cinco. Os meus tios Armando e Rolando quase se pegam à pancada. É sempre assim. A origem é sempre a mesma. Um é do Sporting o outro do Benfica. Desde as 10 da manhã que andavam a picar-se, aliás... desde o almoço de 1960 (diz-me a minha mãe). Há uma longa preparação de cada um para o debate pré-almoço de Páscoa. Por vezes acho que durante um ano eles vão acentando as coisas para exporem antes do almoço as suas opiniões. Naturalmente a discussão acaba sempre da mesma maneira. -“Vcs são uns merdas”, interrompidos por laivos da tia Madalena, com o seu disco de prata, “Eu avisei”. A minha família é um Hit Parade de frases feitas.
Meio dia e dez. Começa o almoço, que esta gente come cedissimo. Ainda de olhos bem cerrados lá vou falando. Curioso é que todos os anos há um novo lugar para mim. Qualquer almoço de família tem uma mesa para graúdos e mesa para os mais pequenos. Aqui não é diferente, mas como há três mesas, juntamos os idosos (ou a caminho disso), os mais jovens (na que estou) e a dos putos.
Os putos são uns ranhosos filhindos do papá (filhindos= filhos lindos da família). A mãe, antes de tudo começar, parte a carninha toda e só falta mastigar. Como é de esperar todos comem só com o garfo pois a outra mão tem de estar livre para jogar ao game boy.
É impressionante a mutação genética dos miúdos. Outrora estava convencido que quem ia para o IST (Instituto Superior Técnico), a partir do 3º ano, começava a desenvolver uns óculos, cada vez mais garrafais à medida que os anos passam. Hoje tenho a certeza que nos miúdos acontece o mesmo, só que em vez dos óculos crescem uns gameboys...e quanto mais velhos forem mais cor e som aquilo tem.
Escusado será dizer que houve choradeira- um dos putos entornou uma coca cola (deja vu constante) em cima da sua máquina.
Na mesa Dalton ao lado (a minha) estavam os “miúdos” dos 15 aos 30. Aqui é diferente, fala-se de futebol, computadores, corridas e claro...gajas/gajos. Eramos 4. Eu, os meus primos Rui e Pedro (ambos com 18 anos) e a minha prima Marta (25 anos). A Marta é Boa, muito Boa, e sempre foi. Há dois pontos que tenho que estar sempre a pensar nestes almoços. O primeiro é: “Ela é tua prima” (em 5ª grau...mas é). O segundo é: “não olhes para aí”.
O Rui e Pedro são gémeos. Gémeos, teenagers, tarados por PCs na mesa com a Marta. Enfim. É sempre o delírio. A Marta é linda, no verdadeiro sentido da palavra e tem amigas lindas e não quer namorado. Haja tomates para não lhe saltar para cima.
Passamos então para a mesa senhorial; a dos cotas. Ora aqui estão as “Avós” os “Avôs”, as “mães” e os “pais”. O tema de conversa é o benfica, o sporting e o boi preto nacional. Não se trata do árbito mas da Manuela Ferreira Leite. Esta é a mesa da vinhaça. Bebem, bebem e bebem. Ninguém vai –para já- conduzir portanto os danos são minimos.
É frequente ouvirmos risos histéricos provenientes desta mesa e todos comem de boca semi aberta.
Na minha é mais de queixo caido, mas de forma silenciosa. É a Marta.

Chega a hora do café. Os putos não querem, os jovens bebem, os cotas abusam. Começa outra discussão tradicional. Chega o momento do cigarro. Só eu e a Marta é que fumamos.
Começam as bocas. O Tio Rolando é o pior. “Deviam pôr uma barra de dinamite em todos os cigarros”. Ou “deviam era roçar mato e acartar pinhas em vez de fumar”. O tio Rolando tem expressões muito castiças. Todos anos quando me vê diz que estou mais crescido. A acompanhar esta frase vem outra “A mim nem me deixaram crescer (...) mal nasci meteram-me um fardo de mato às costas”. É constante ouvir isto em sucessivos almoços. Para perceberem um pouco melhor como é o meu tio Rolando basta dizer que ele ostenta um dos mais simbolos da portucalidade. “Angola 68, Amor de mãe” no braço esquerdo. O seu sonho era ter uma mota daquelas que o chuck norris tem- que deita misseis pelo escape. Ele aliás acha-se parecido ao Chuck Norris, na sua fase “Desaparecido em Combate”. Já o Armando é mais na linha Charles Bronson e carrega mesmo um modesto bigode que enrola nas pontas à Jorge Gonçalves.
É natural que eu utilize personagens do cinema para falar da minha família. Para além de mim quase todos adoram cinema. Por exemplo, a minha tia do tempo do Filipe III não sabe ler. Então gosta de filmes que não exijam leitura. O seu herói é o Bruce Lee porque dá “arraiais de porrada” a todos os que ela durante o filme tinha avisado que eram maus.
Isto é algo que sempre me fascinou e é real. Ela gosta mesmo do Bruce Lee e dos filmes de artes marciais dos anos 70/80 em especial. Tenho de a levar a ver o Kill Bill. Deve adorar. As más linguas dizem que ela adoece de propósito no Natal para poder ver o show televisivo em directo. A verdade é que nos últimos três anos já assistiu a dois Natais dos hospitais...Estranho sentimento groupie do festival.
Mas faltam ainda algumas personagens fulcrais. Há a minha tia Genoveva, uma dama. Não uma “dama, yo”, mas uma dama antiga. Finissima, de bom trato e aprazivel, a genoveva é uma antiga professora de música agora tocadora de música numa igreja. Religiosa, gosta muito de mim e dá-me sempre às escondidas de todos algum dinheiro para eu comprar qualquer coisa que goste. O estilo é um pouco diferente dos restantes e ela não me pergunta quando me vou casar, mas se “eu ainda namoro com aquela menina que conheci na faculdade”. Isto foi há 6 anos e já lhe disse 465 vezes que não namorava. O engraçado é que a reacção, quando digo que não, é sempre estupefacta e triste. “Era tão boa mocinha, mas tu ainda és novo”. A tia Genoveva nunca se casou. Diz a lenda que teve um grande amor que morreu em Moçambique na Guerra Colonial e que nunca mais voltou a amar. Nunca lhe perguntei se era verdade mas fico fascinado só com a hipótese de o ser.
Depois há a Tia Lourdes (porque será que os Tios nunca têm nomes banais?). Maria de Lourdes é a esposa do Tio do Armando. Trabalhou a vida inteira num cinema, nas bilheteiras, e muita da minha paixão por cinema se deve a ela. Todas as tardes (quando podia), saia da escola e lá ia ao Mundial ver um filme. É bom ter tias que nos deixam ver filmes à borla (antes da lusomundo ser dono daquilo).
Esta tia é a que chamo a paz de alma, e o meu tio apelida de “mosca morta”. Podem lhe estar a pisar um pé que ela nunca grita. Está na lei que é ela que no final vai fazer o café.
Depois há o casal Garcia, não o vinho mas uns verdadeiros andrades. São de Cinfães do Douro e vieram até cá almoçar. Esta situação põe em causa toda uma juventude, especialmente aquela que se desmarca dos compromissos pois tem de ir a qualquer lado, fazer não sei quê, precisamente na hora em que os convidamos para qualquer coisa. São eles os pais do Game e do Boy e do Pedro e Rui. Quatro filhos, de cinfães até Lisboa, numa carrinha certamente a ouvir qualquer êxito do Nel Monteiro. Haja cristandade.
Falta só a Marta. Ai a Marta. A Marta é neta do Rolando e filha da Prima Palmira já falecida. Ela agora vive com o avô Chuck Norris. Menina do ballet - agora nas danças- a Marta ainda teve tempo para se educar (desde os 15 sozinha) e tirar um curso de Belas Artes. Gosta muito de cinema e diz que quer vir morar para o meu quarto. Está há duas horas a ver os dvds que tenho e já mandou um camião Tir buscar uns que quer emprestados.
A catraiada está de volta da minha playstation, os tios dividiram-se entre a sorna e o Rambo II que tá a dar na TV . As mulheres estão a remodelar a cozinha. Só podem. Algo que me intriga imenso é que o lavar de pratos dura quase tanto tempo como o almoço.
Já ouço um ronco. Não sei de quem é mas certamente se o acordarmos vai dizer que não estava a dormir mas sim descansar a vista. É assim a Páscoa, esse dia que parece ter alguma relação com Cristo e a sua ressuscitação mas que na verdade é o que é; A Grande Invasão e o desapertar o botão das calças após "encher a mula" (mais um ponto chave do ser português).

3/11/2004



Estreia este fim-de-semana um dos filmes mais aguardados pelos judeus- donos de videoclubes -quando for lançado em DVD. "A Paixão de Cristo" narra a história das últimas 12 horas de vida de Jesus antes de ter sido morto na cruz.
Como eu sei que vcs gostam de saber estas coisas, aqui deixo algumas curiosidades sobre a produção:

Sabiam que...

- Enquanto estavam a ser feitas as filmagens, Mel Gibson tropeçou e bateu com a cabeça numa das cruzes? É verdade. Por isso vai haver um Mad Max 4
- Se ficarem até ao fim dos créditos ficam a saber que nenhum judeu foi mal tratado durante as filmagens
-Há uma cena cortada em que um soldado romano tenta apanhar Monica Bellucci num tunel de Jerusalem. O nome do romano era Tenium
-Um dos homens que quis ser chicoteado neste filme foi o nosso famoso actor Tony Lima. para quem não conhece esta peça, toca a ir ao cinema ver o seu último filme. Chama-se Bem Vindos à selva e Tony faz de mineiro chicoteado
-Os Judas Priest foram uma das bandas consideradas para a banda sonora
-Lili Caneças nasceu por volta desta altura?

3/02/2004



Notícia da Década

“Pareciam cenas do Canal 18”. É desta forma que uma aluna conta o que viu na manhã de sexta-feira, no pavilhão C da Escola Secundária da Amora. D., do 7.º ano, foi uma das que viu dois empregados da ESA a praticarem... sexo oral, numa sala onde são, conta, guardadas as chaves das salas de aula. E foram vários os jovens de 13 e 14 anos que, chocados, presenciaram o acto praticado pelos dois funcionários, ele com cerca de 60 anos e ela com cerca de 50. "

In Correio da Manhã

Eu também teria ficado chocado pois o homem levou 123 minutos a consumar o acto.



Surgiu no Correio da Manhã uma notícia importante. Já houve uma pessoa a quem foi alterado o rosto dentro do processo de protecção de testemunhas. Por acaso até sei quem é. Aqui fica a foto do homem, ainda anestesiado.



Antes era uma ucrâniana que trabalhava no "Mea Culpa" em Amarante

2/16/2004



Como já disse acabei de chegar. Peguei no Público e fui ver as críticas da semana. Estão muito mal habituados os meninos. Descobri também que na América do Sul tb lêem o nosso jornal. Há até um boato que afirma que a Kathleen Gomes é o Chupa Cabras. Mas nada está confirmado, pode ser apenas especulação.


Não tenho escrito muito por aqui. A verdade é que tive de viagem pelo Médio Oriente onde abri uma loja de persianas. Fui convidado pela maçonaria local a entrar para o grupo mas estava ocupado a tirar fotos que agora vou aqui expôr. Tenho a certeza que muitas delas estarão presentes no Worl Press Foto da Baixa da Banheira em 2005.

Claque do F.C. Palestina (Suicide Boys) vandalizam o que pensavam ser o muro das lamentações judaico. Afinal era apenas uma loja de naprons do Rabi Jackob




Também aqui há arrumadores. Reparem como ele corre para ajudar a estacionar o tanque




Tenho provas que há miúdos belgas treinados para combater os americanos. Reparem bem!!!




Bush legendado em árabe. Finalmente vamos perceber o que diz este animal




Encontrei por lá Luis Pereira de Sousa que apresenta a versão iraquiana do TV Rural




As pessoas mostram-me o local de uma explosão. Era óbvio o impacto. Aquele monte de pedras no dia anterior estava do outro lado da rua.



1/06/2004



A Obra e Vida de Nogueira, Bruno – Parte 2

Se ontem reflectimos sobre a infância de Bruno Nogueira, hoje vamos falar dos tempos de adolescente. Pouco se conhece da sua vida neste período. Após recolher documentos históricos concluímos que Bruno sempre teve problemas de grande escala. Primeiro morava em Sacavém, bem perto do Aeroporto.
Foi aí que conheceu Alcina, uma rapariga de etnia cigana ligeiramente obesa. Nesta altura Bruno era um grande fã dos Public Enemy. O seu ídolo era Malcom X e foi essa personagem que mudou toda a sua vida. Um dia Bruno e Alcina foram sair à noite. Tudo tinha de ser às escondidas pois o pai da rapariga trabalhava na Torre de Controle do Aeroporto. Numa tentativa de ocultar uma saída furtiva com a sua namorada, Bruno –na sua inocência- colocou um casaco com inscrições de Malcom X sobre a sua dama. O resultado foi trágico. Um helicóptero aterrou bem em cima dela e Bruno viu assim mais um amor a se perder.
Fugiu de casa e arrendou uma barraca na zona do Feijó. Entrou na Igreja Peniel ali na Cova da Piedade mas por pouco tempo ficou. Foi trabalhar para a Lisnave. Era o farol na altura.
Tinha então 12 anos, mas todos lhe davam 11. Sem indícios de barba, e com quase três metros e cinco de altura, Bruno conheceu na Festa de São João de Almada aquela que viria a ser a Mulher da sua vida. Chamava-se Aníbal. Aníbal era forcado amador na Moita. Vegetariano, Hara Krishna e primo do Professor Karamba, Aníbal era conhecido pelas suas escapadelas ao Forte da Casa onde mantinha uma relação secreta com Lee, um ancião asiático que para ali se mudara nos anos 70. Mas Bruno não sabia que Aníbal era um homem. Ele conhecia-o por Bela e só num comício da secção do Seixal do Bloco de Esquerda, Bruno descobriu a verdade.
Ninguém se esquece da sua reacção quando descobriu a verdade. As suas palavras foram: ‘-Hara Krishna??? FODA-SE’.
Decidiu dar assim um tempo em termos de relações amorosas. Passado dois dias namorava com Andreia, uma bela brasileira que morava na Costa da Caparica e que possuía uma famosa casa de gelados. Foi com Andreia que as coisas estabilizaram. Andaram 6 dias. Tudo acabou repentinamente após a primeira tentativa de sexo oral. Bruno gostava de olhar… mas a emoção e as vertigens não permitiram que esta relação tivesse futuro.
Farto da Margem Sul Bruno decide regressar a Sacavém, onde permaneceu até aos 14 anos.


No Próximo episódio



Bruno Nogueira faz o Caminho de Santiago



A Vida e Obra de Bruno Nogueira - Parte I

Como todos sabemos, a carreira de Bruno Nogueira está sériamente ameaçada. O jovem anda a ter vários problemas na 17ª Volta a Portugal do Levanta-te e Ri e parece que não há nada a fazer.
Tudo começou em Beja quando o jovem cada vez que ia actuar deparava com uma cegonha a contruir o ninho no seu capachinho. É que o rapaz tem um grave problema. É uma besta em altura.
Numa das etapas da Vuelta, o tipo tinha a camisola amarela. Resultado? Foi confundido com o novo estádio do Beira-Mar e até o inauguraram por engano e tudo.
Mundialmente conhecido por ter a patente de estendal humano, Bruno começou cedo a ter problemas na escola. Há quem relembre de forma saudosista o 1º dia de aulas - ninguém reparou na sua existência.
Um dia o Bruno apaixonou-se. Chamava-se MIMI. Tudo aconteceu na visita ao circo local. A rapariga era trapezista e ele ainda hoje tem a marca na testa da primeira vez que interagiram. Foi literalmente amor á 1ª cabeçada.
Tornaram-se assim amantes inseparáveis. Ela era bastante mais baixa e muitas vezes, quando o vento soprava de Norte notavamos um certo tom no ar. Era o efeito xilofóne.
Mas muita coisa mudou. Mimi trocou-o por Nacir, um paquistanês que morava na Damaia. Bruno ainda tentou demovê-la mas ficou retido na Sorefame- a famosa fabrica de comboios da Amadora- a segurar uma cantenaria que ameaçava ruir.
Coisas da vida de um artista... que por acaso aprecio (quando vou à faina e ele usa o seu capacete mineiro).


Tava aqui a ver a Premiere e parece que os tipos fizeram uma espécie de 'Enlarge your pennis' à tabela das críticas. É impressão minha ou há mais avaliadores que filmes por estrear? Também reparo que Tiago Pimentel, esse nobre crítico anti-Matrix (deves ter levado poucas chapadas no colégio onde andaste..deves) cada vez é mais senhor por lá.
De resto continua tudo na mesma como a lesma. Tou ansioso por mais uma vez ver o JVM falhar todas as previsões aos Óscares.



Tiago Pimentel em Calções no Making off de 'É mais fácil um Camelo'



Voltei do Burkina Faso onde fui passar umas vacances e abri um ristorant. Já sei que tá tudo pior em relação á Pia, que o benfica levou nos entrefolhos do Sporting e que há um novo canal 2. Até Jazz que agora vou ali desparasitar-me.

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